Zackia Daura: Mais que destinos, experiências: Um novo olhar sobre o turismo
A experiência turística é multidimensional e abarca todos os sentidos. Há uma distinção profunda entre simplesmente deslocar-se de um lugar para outro e verdadeiramente viver as experiências que o destino oferece. O turismo de experiência vai além de uma simples viagem com visitas a atrações como museus e monumentos, é algo que transcende o ato físico de mover-se e torna-se uma imersão na essência de outros mundos, culturas e almas.
Cada destino tem sua própria alma, sua identidade, seus saberes e fazeres. A experiência consiste em mergulhar na essência de um lugar e de um povo, deixar-se tocar pelas sutilezas, absorver as mensagens que não são apenas visíveis aos olhos, mas compreendidas através de todos os sentidos. Essa “viagem” implica em estar presente, no agora, estar aberto ao novo, sem (pré) conceitos e julgamentos. Sentir os aromas, os sabores, as texturas, ouvir a sonoridade da fala, os ritmos, os silêncios…Compartilhar momentos que transcendem barreiras linguísticas e culturais, entregar-se.
Existem inúmeras oportunidades de conhecer e aprender tradições e costumes regionais como a participação em festas locais, aulas de culinária, oficinas de arte, vivências xamânicas, praticar pesca esportiva, voo de asa delta, imersão em outras culturas. O verdadeiro viajante é aquele que busca a conexão, com as pessoas, com suas histórias, com suas tradições. É aquele que consegue encontrar semelhanças na diversidade e perceber que somos todos parte de uma mesma tapeçaria humana.
No Brasil, essa abordagem ganhou forças devido ao projeto “Tour da Experiência” em 2006, desenvolvido pelo Ministério do Turismo, com grande satisfação por parte dos viajantes. A oportunidade de vivenciar o ambiente, outrora desconhecido, de maneira mais ativa, cria um registro mais profundo que as fotos não podem capturar.
Quando optamos por viver experiências autênticas, voltamos para casa com mais do que souvenirs. Voltamos com histórias. Histórias que nos foram contadas, histórias que vivemos, histórias que criamos. São essas narrativas que, ao serem partilhadas, perpetuam a essência dos lugares que visitamos. E cada história tem o poder de transformar, de inspirar, de conectar. Em contrapartida a satisfação por parte do público auxilia no desenvolvimento local, despertando o desejo em um número maior de pessoas que passa a visitar e usufruir da mesma experiência. A valorização das tradições e práticas culturais, incentiva a preservação desses ambientes. Dessa forma, pode-se dizer que os benefícios são mútuos e não apenas para o turista. Mas cada indivíduo construirá de forma subjetiva a sua própria experiência turística.
Cada viagem leva também a uma jornada interna. Ao viver experiências profundas, retornamos diferentes. Nossos olhos se abrem para o mundo, nosso coração cria um novo compasso. As experiências autênticas ampliam a compreensão da vida, desenvolvem a empatia, e nos levam a uma apreciação mais profunda da diversidade e das belezas do mundo.
E o que fica após essa jornada? Fica a certeza de que tanto o viajante quanto o local que o acolhe saem transformados. Quem volta carrega o desejo de retornar, de reviver e continuar aprendendo. E, ao mesmo tempo, as tradições e culturas, preservadas e valorizadas, seguem vivas e pulsantes. É uma troca onde todos saem ganhando.
Mais que destinos, experiências ricas e transformadoras podem ser vivenciadas por aquele que abraça o desconhecido. Aquele que anda descalço pelas ruas, aquele que se despe de suas personas para apenas ser e estar. Assim o futuro das viagens se desenha como uma tela vibrante, cheia de possibilidades, entrelaçando com fios invisíveis o eterno e o presente. O que se torna um verdadeiro presente para quem está aberto a receber.
*Zackia Daura é escritora, artista plástica, produtora cultural e empresária do turismo em Três Marias-MG
Com informações da Assessoria – Foto: divulgação