Foz do Iguaçu expande acolhimento familiar 🚀 Veja como

Duas crianças brincam, conversam alto e felizes, junto com a família. Passam pela brinquedoteca e pelo parquinho. Numa sala reservada, outra família aguarda, aquela que, temporariamente, acolhe a menina de 4 anos e o menino de 2. Quando a visita de fortalecimento de vínculos chega ao fim, os pequenos irmãos reencontram a família acolhedora com imensa troca de carinho. “O acolhimento familiar é muito mais do que uma família cuidando de uma criança, é uma família sendo apoio para outra família, num momento de dificuldade”, resume a assistente social com atuação nacional, Sara Maria Luvisotto.

O serviço “Família Acolhedora”, em Foz do Iguaçu, é realizado pela Associação Fraternidade Aliança (AFA), em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social. Para aprimorar o atendimento, a AFA reestruturou espaços, preparou 10 novas famílias e irá promover uma capacitação aos profissionais que atuam na área da infância e juventude, com Sara Maria Luvisotto – profissional que compõe o Grupo de Trabalho de Revisão do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária junto à NECA (Associação de Pesquisadores e Formadores da Área da Criança e do Adolescente). Será na sexta-feira (14), das 9h às 16h30, na sede da AFA, na região do Porto Meira.
Por que a família acolhedora é necessária?
O acolhimento acontece quando crianças ou adolescentes precisam ser afastados das famílias de origem por motivos diversos, como negligência, abandono ou exposição a situações de risco, incluindo envolvimento dos pais com álcool e outras drogas. A coordenadora do “Família Acolhedora” em Foz, Euni Rodrigues da Silva, explica que o modelo de acolhimento é interessante, pois o acolhido terá cuidado individualizado e uma rotina dentro de um contexto familiar e com garantia dos direitos básicos, além do convívio social e comunitário.

A criança recebe uma explicação: “Papai e mamãe estão passando por uma situação, nós vamos cuidar deles e uma família emprestada vai cuidar de você, estaremos sempre juntos”. Em consonância, a rede de proteção, formada por profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), equipe da AFA e outros atores atuam para atender a família de origem.
“Buscamos suprir as necessidades da família naquele momento, com encaminhamentos diversos, como tratamentos de saúde, melhores condições de habitação, entre outros”, explica Euni. Ela também comenta sobre os acolhidos: “Em poucos dias a criança se adapta, se sente mais segura e até muda a expressão do rosto”. A. O.* é “Família Acolhedora” há 3 anos. Ela mora em Três Lagoas, trabalha como diarista e já passou pela experiência de 4 acolhimentos (um recém-nascido e crianças de 6 meses, 3 e 4 anos). “Acolher é vivenciar o verdadeiro sentido do amor ao próximo. Você vai participar em um dos períodos mais importantes da vida da criança, talvez no momento que ela mais precisou”, relata.

A dona de casa C. R.* está no “Família Acolhedora” desde janeiro. Ela, o marido e o filho moram no Morumbi e temporariamente estão acolhendo 3 irmãs, de 12, 9 e 5 anos. “Tudo é questão de adaptação, tanto da família que acolhe quanto delas também. Tem dias bons e dias difíceis, mas tudo flui. A equipe técnica está sempre orientando, então eu sinto segurança e respaldo para acolher”.
Segundo dados da AFA, em 10 anos, 235 crianças e adolescentes foram acolhidos. A maioria, 108, voltaram às famílias de origem, 100 foram encaminhados à adoção e os demais ou atingiram maioridade ou foram transferidos. Suzane Amorim, gestora de projetos da AFA, comenta que o movimento nacional “Coalizão pelo Acolhimento Familiar” busca fortalecer o acolhimento nos municípios. “Atuamos para garantir esse direito ao maior número possível de crianças e adolescentes. Por isso, sempre estamos em busca de novas famílias acolhedoras”. No Brasil, são 32 mil crianças e adolescentes em acolhimento e apenas 7% com famílias acolhedoras, o restante fica em instituições.

Certificação de 10 novas famílias acolhedoras
Atualmente, há em torno de 100 crianças acolhidas em Foz, 30 com famílias acolhedoras e 70 em instituições na modalidade “casa lar”. A certificação de mais 10 famílias, na sexta-feira (14), às 9h, irá ampliar significativamente o serviço de acolhimento familiar. A família acolhedora passa por um processo de seleção e por encontros de capacitação, incluindo visita da assistente social e da psicóloga à casa. É identificado, ainda, se o perfil da família é para acolher bebês, crianças ou adolescentes. Há o repasse de um salário mínimo, por mês, para auxiliar nos custos. Cada família pode acolher mais de uma criança, desde que sejam irmãos. A faixa etária vai de zero até 18 anos.
Nova estrutura
A AFA reformulou espaços, ampliou e construiu locais tanto para a atuação da equipe técnica (13 profissionais das áreas de serviço social, psicologia e pedagogia), da equipe de apoio (áreas administrativa, motorista e serviços gerais), quanto a estrutura para acomodar as famílias de origem, as famílias acolhedoras e os acolhidos. “Preparamos espaços para que a criança crie memórias positivas durante os encontros com a família de origem, além de um local confortável para as famílias e espaços equipados para os profissionais”, destaca Suzane.

Capacitação: Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária
Um dos momentos mais esperados para a programação de sexta (14) é a capacitação sobre o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária. Foram convidados secretários de assistência social dos municípios da região oeste, juízes, promotores e profissionais que atuam com a temática. No período da tarde, haverá uma oficina específica sobre o acolhimento de adolescentes.
A palestrante é assistente social, especialista no trabalho com famílias e compõe o Grupo de Trabalho de Revisão do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária. Sara Maria Luvisotto explica que o acolhimento familiar é previsto como prioritário ao acolhimento institucional, na legislação brasileira desde 2009. Em caso de necessidade de a criança ser separada da família de origem, o ideal é que ela fique com uma família acolhedora até a sua situação jurídica ser definida. Pela legislação, o tempo de acolhimento é de até 18 meses.

“A média atual de acolhimento é de 10 meses a um ano”, aponta Sara. “Para o município, o custo do acolhimento familiar é muito menor do que o institucional”. Segundo ela, o principal índice de acolhimento no Brasil é a negligência da família, gerada pela pobreza. Sara, que já foi família acolhedora, considera que o “acompanhamento da família de origem é revolucionário”.
*Nomes preservados por questões de sigilo.
(A palestrante já está em Foz e tem disponibilidade para entrevistas)
Serviço
Inauguração de espaços de acolhimento familiar, certificação de 10 novas famílias acolhedoras e capacitação relacionada ao Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária
Data: 14 de março de 2025 (sexta-feira)
Horário: 9h
Local: Associação Fraternidade Aliança (AFA)
Endereço: Rua Apolinário de Souza, 429 – Porto Meira
Programação:
9h – Inauguração dos espaços e certificação de novas famílias acolhedoras
10h – Painel 1 – Tema: Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária Palestrante: Sara Maria Luvisotto.
12h às 13h30 – Intervalo.
13h30 às 16h30 – Painel 2: “Adolescência no acolhimento”. Palestrante: Sara Maria Luvisotto
Mais informações: Instagram e Facebook @familiaacolhedorafoz | Whatsapp: (45) 99829-0050.
Izabelle Ferrari – Assessoria de Comunicação