Por Laura Alonso e Mariana Meireles
A felicidade sempre encontra um caminho e chega quando você menos espera. Essa é a mensagem que conduz ‘Dona de Mim’, próxima novela das sete da TV Globo, que estreia dia 28. A trama traz a história de Leona (Clara Moneke), que tem sua vida transformada pela relação com Sofia (Elis Cabral), uma menina de sete anos de quem passa a ser babá. Sofia é uma criança que perdeu a mãe ainda bebê e cresceu se sentindo sozinha na casa da família de seu pai, Abel (Tony Ramos). Cercada por adultos, ela vai descobrir em Leo a referência de que precisava. Na obra de Rosane Svartman, com direção artística de Allan Fiterman, o encontro entre as duas é o ponto de partida para uma jornada de afeto, cuidado, companheirismo e relações humanas.
“O título tem uma relação direta com a ideia de tentar ter o controle das nossas vidas, o que tem a ver com amor-próprio e autocuidado, em uma sociedade acelerada, com violências diárias. Ser ‘Dona de Mim’ é também buscar algum sentido nessa jornada, porque, às vezes, a gente vai indo sem ter tempo de entender para onde. A história fala também sobre a maternidade de forma prismática, em suas diversas formas e configurações, abordando diferentes possibilidades do que é ser mãe, inclusive a escolha de não ser, e o seu impacto direto na vida das mulheres da trama”, declara Rosane Svartman.
Com personagens femininas fortes, ‘Dona de Mim’ mistura comédia, drama, muito romance, aventura, suspense, disputas por poder e reviravoltas. A trama também aborda temas como o impacto social do esporte através do kickboxing, a voz jovem e urbana das batalhas de rima, a efervescência cultural e o forró da Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, além de assuntos atuais e cotidianos, entre eles, segurança pública e violência urbana, preservação do meio ambiente e mudanças climáticas, saúde mental, corpos diversos e beleza feminina, envelhecimento e solidariedade.
“A novela tem vários universos paralelos, mas o principal é o encontro dessa mulher e dessa criança. A transformação da relação entre Leo e Sofia é a grande trama. Estamos fazendo uma novela leve e repleta de significados. Rosane é uma autora com extremo entendimento dramatúrgico e muito hábil na forma como constrói essa história que iremos retratar, com todos os ingredientes que as pessoas esperam assistir: romance, leveza e muita emoção”, afirma o diretor artístico Allan Fiterman.
‘Dona de Mim’ é uma novela criada por Rosane Svartman, escrita com Carolina Santos, Jaqueline Vargas, Juan Jullian, Mário Viana, Michel Carvalho e Renata Sofia. A pesquisa é de Suzan Stanley. A obra tem direção artística de Allan Fiterman, direção geral de Pedro Brenelli e produção de Mariana Pinheiro. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
Leona, mas pode chamar só de Leo
A vida nunca foi fácil para Leona (Clara Moneke), mas a jovem aprendeu cedo a encarar os desafios com determinação e sem perder o alto astral, que transborda de seu coração gigante. Há sete anos, ela estava prestes a realizar vários sonhos ao mesmo tempo: se formar em Publicidade, casar-se com Marlon (Humberto Morais) e ser mãe pela primeira vez. Mas, já no último trimestre da gravidez, viu seu mundo desabar em uma sala de ultrassonografia. Desde então, Leo tenta retomar as rédeas de sua própria vida e superar o trauma da perda da filha.
De origem humilde, ela “dá seus pulos” para fechar as contas da casa onde vive no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, com a avó, Yara (Cyda Moreno), costureira aposentada da fábrica de lingeries Boaz, e a irmã, Stephany (Nikolly Fernandes), estudante de Enfermagem. A revenda das calcinhas e sutiãs da Boaz é o principal sustento da família, e Leo abusa da criatividade para não acabar o mês no vermelho: faz sorteios, promoções, vende porta a porta e no comércio local.
Apesar da boa intenção, Leo é um pouco atrapalhada e acaba se enrolando em um dos seus últimos projetos: uma rifa. As mulheres da vizinhança causam uma algazarra quando descobrem que a neta de Yara vendeu números duplicados. A confusão é tanta que Leona perde o trabalho como revendedora das lingeries. É aí que bate o desespero na família e Stephany cogita desistir da faculdade para arranjar um emprego. Protetora, Leona se vê mobilizada a fazer algo para impedir que a irmã caçula repita o que ela própria fez quando cursava Publicidade.
“A Leona, para mim, é a definição da mulher brasileira: uma pessoa de bom caráter, bom coração, e também muito inteligente e perspicaz, que vai sempre fazer de tudo pela sua família. Todas as loucuras que ela inventa são por um propósito maior, pela irmã ou pela avó. Isso traz beleza, verdade e empatia do público. A Léo é uma mulher encantadora, inteligente, que tem perseverança, garra e muito amor à sua família”, resume Clara Moneke.
Sofia: o reencontro com a felicidade
Stephany (Nikolly Fernandes) aguardava uma ligação sobre a entrevista para uma vaga de babá quando Leo (Clara Moneke), num impulso, decide se passar pela irmã e conquista o emprego como funcionária da família Boaz em seu lugar. O trabalho é cuidar de Sofia (Elis Cabral), uma criança de oito anos que se sente sozinha numa mansão cheia de adultos na Barra da Tijuca. Sem ter ninguém para brincar, a diversão da menina é pregar peças e inventar traquinagens pela casa. Seu alvo preferido? As babás que Denise (Cris Larin), a governanta, tenta contratar. Ela esconde sapos e outros bichos pela cama das candidatas, dá sustos, coloca baldes de água em cima da porta e todos os tipos de invenção que sua cabeça entediada consegue pensar.
É claro que a recém-chegada babá toma um susto quando descobre que o nome da menina é Sofia. E mais: Sofia tem uma idade muito próxima à que a sua Sophya teria. E logo percebe o motivo de o salário ser tão bom: a dificuldade em encontrar alguém que não desista ao ver todos os tipos de inseto embaixo do travesseiro. Mas Leo, no fundo, acha aquilo tudo muito engraçado. Ela consegue entender que é uma forma de Sofia chamar a atenção e se divertir um pouco numa família em que ninguém tem tempo e todos são muito diferentes dela.
No fim do primeiro dia de Leona no novo trabalho, a conexão entre a babá e a menina arteira é evidente. Só que Abel Boaz (Tony Ramos), o patriarca, não fica nada feliz ao descobrir que a funcionária mentiu para todos ao ser contratada. Leona tenta explicar a boa intenção, mas não adianta: está demitida.
Os Boaz: entre lingeries e conflitos
Nos anos 50, Josef fundou o império de lingeries Boaz ao lado da esposa, Rosa (Suely Franco). Filhos de imigrantes de origem judaica, o casal começou do zero e costurou o sucesso da empresa de calcinhas e sutiãs a preço de muito suor e dedicação. Os donos da Boaz tiveram dois filhos: Abel (Tony Ramos), o mais velho, e Jaques (Marcello Novaes). Estudante de Letras e apaixonado por poesia, o primogênito precisou largar a faculdade para cuidar do chão de fábrica, mas foi recompensado pelo pai ao ser o escolhido para continuar o legado da família após a sua morte.
O atual presidente da empresa teve três filhos em seu primeiro casamento: Samuel (Juan Paiva), o mais responsável; Davi (Rafa Vitti), um bon-vivant; e Ayla (Bel Lima), ingênua e a mais protetora entre os irmãos. Já viúvo, Abel conheceu Filipa (Cláudia Abreu), e eles se apaixonaram num rompante. O encantamento pelas artes conectou os dois amantes, e tudo se encaminhou muito rápido.
Filipa é uma mulher com o humor instável e tem momentos que oscilam entre a euforia e a tristeza profunda. Ela tem uma filha, fruto do seu primeiro casamento, uma adolescente que não compreende as questões de sua mãe. Nina (Flora Camolese), quando cresce, passa a morar com a avó, Isabela (Sylvia Bandeira), em Lisboa, Portugal. A distância entre elas e o sentimento de ter falhado no seu papel materno, somadas à frustração de não ter seguido a carreira artística que sempre sonhou, são partes da vida com que a esposa de Abel ainda não consegue lidar.
“Filipa é intensa em tudo o que faz. É solar e cheia de vida, mas tem uma insatisfação por não ter dado certo como artista. Então, a vida dela é tentar colocar arte, música e alegria em tudo, resgatando momentos que a conectem com esse passado. Ela não se casou por interesse, gosta verdadeiramente de Abel, pois ele a enxergou como ela é”, resume Cláudia Abreu, que volta às novelas após nove anos. A atriz também destaca a complexidade da personagem: “Foi o que me atraiu. Falar sobre saúde mental na TV aberta pode ajudar muita gente a compreender e a ser compreendida. Além disso, Filipa é uma personagem irresistível e divertida”.
A promessa de Abel e a chegada de Sofia
Há sete anos, no jardim da mansão, diante de todos os convidados, logo após o “sim” entre Abel (Tony Ramos) e Filipa (Cláudia Abreu), um acontecimento mudou a vida da família Boaz. Ellen (Camila Pitanga), uma antiga funcionária da fábrica, reapareceu e cobrou uma antiga dívida de vida com Abel, pedindo que ele registrasse como sua filha, a bebê que carregava nos braços. Em um ato de desespero, pois travava uma luta contra o câncer, Ellen não teve dúvidas de que aquele seria o melhor para o futuro de sua filha, e deixa uma carta para que Sofia leia ao completar 18 anos.
“Abel é um homem com alma de poeta, que se vê impelido a comandar as empresas do pai. Apesar de não ter muita vocação para os negócios, ele resolve atender ao pedido e assume a empresa. É um homem de poucas palavras, mas gosta de citar poemas, muitas vezes respondendo com trechos poéticos de forma bem-humorada e tranquila. Quando Ellen pede para que Abel registre Sofia como sua filha, ele reage inicialmente com hesitação, mas depois entende que precisa cumprir a promessa que fez”, explica Tony Ramos.
Sem saída, Abel acatou o pedido, pois sabia que sem a ajuda de Ellen no passado ele não estaria mais ali. Ela salvou o patrão quando o viu no telhado do prédio da fábrica, considerando desistir da própria vida. Naquela época, a empresa enfrentava uma crise financeira e ele se sentia encurralado, carregando o peso das próprias decisões. Grato, Abel prometeu ajudá-la quando precisasse.
“Ellen é uma lutadora. Alguém que batalha com todas as forças pela vida. Devota de Nossa Senhora da Penha, ela tem sua trajetória radicalmente transformada quando se vê grávida e com câncer. Na preparação, foi fundamental a visita ao Instituto Nacional de Câncer (INCA), onde tive o suporte de profissionais da saúde para entender os processos de uma paciente com câncer no útero”, conta Camila Pitanga.
Intrigas e ambições: a batalha pelo controle da Boaz
A situação no casamento de Abel (Tony Ramos) pegou a todos de surpresa. Afinal, um escândalo daqueles não era o que se esperava de um homem tão correto como o patriarca da família Boaz. Jaques (Marcello Novaes), o filho mais novo de Rosa (Suely Franco), tentou disfarçar, mas adorou os olhares espantados na direção do seu irmão mais velho. Ele sempre se sentiu injustiçado por não ter sido o escolhido pelo pai para comandar a Boaz. Assim como Abel, o caçula também tinha inclinação para as artes, teve uma banda de rock na juventude. Visando comandar as empresas de Josef um dia, deixou de lado a veia artística para se formar em Economia no Exterior enquanto Abel cuidava do chão de fábrica – mas o plano não se concretizou.
A relação entre os dois irmãos é marcada, desde que eles eram muito jovens, por conflitos, inveja e rivalidades. Amargurado, Jaques trilha caminhos controversos para alcançar seus objetivos. Até hoje se vê à sombra do irmão e está cansado de não ser valorizado, principalmente de forma financeira, na empresa. Ocupando um cargo na diretoria, mas subordinado a Abel, ele se sente como uma criança que ainda precisa pedir mesada e não vê a hora de tomar o controle da fábrica só para si. Rosa tenta acalmar os ânimos entre seus filhos, mas sempre em vão. Apesar da idade, preocupada em manter a qualidade e a tradição que ergueu ao lado do marido, a matriarca acompanha as reuniões e tenta se manter a par de todas as decisões, mas se envergonha quando começa a perceber que está sendo traída pela própria memória.
Na briga por poder em família, Tânia (Aline Borges) é esposa de Jaques e uma grande aliada nessa missão, assim como o advogado nada ético do diretor financeiro, Ricardo (Marcos Pasquim) – mas ambos têm as suas próprias agendas que Jaques desconhece. A batalha pelo controle da Boaz é um jogo de intrigas em que cada um tem as suas próprias ambições.
“Jaques é debochado, irônico e quer ter tudo o que não teve em relação à família, especialmente na divisão de poder. Ele deseja a presidência da fábrica Boaz para implementar suas novas ideias, que acredita serem capazes de levantar a empresa. Sente que foi injustiçado na divisão de poder e que Abel sempre teve mais carinho e foi o filho preferido. Essa disputa pela presidência é alimentada por esse sentimento de injustiça”, revela Marcello Novaes.
Juntas na luta: as amigas Leo, Kami e Pam
Leo (Clara Moneke), Kami (Giovanna Lancellotti) e Pam (Haonê Thinar) são inseparáveis desde os tempos de colégio. Unidas por uma amizade sólida e sincera, elas enfrentam juntas os desafios da vida em São Cristóvão. Kami é mãe solo e trabalha com Pam no setor de controle de qualidade da fábrica Boaz. Determinada a proporcionar o melhor para seu filho, ela equilibra a vida profissional, um tempinho para se divertir com as amigas e os cuidados com Dedé (Lorenzo Reis). O menino tem sete anos e até hoje não conheceu o pai, Ryan (L7NNON), preso desde o início da gravidez de Kami. Ela quer distância do ex, mas ele está determinado a sair da cadeia, reconquistar sua família e correr atrás do sonho na música.
Já Pam precisou amputar a perna ainda criança devido a um tumor no fêmur. Na adolescência, se envolveu com Danilo, mas o jovem nunca quis assumi-la como namorada. Diz que a razão é por questões pessoais dele, mas Kami e Leo tentam alertá-la de quanto esse comportamento é tóxico. Quando estão juntas, as três formam um trio imbatível e se apoiam mutuamente em todas as situações.
Intérprete de Kami, Giovanna Lancellotti define a personagem: “Ela é uma mulher guerreira, determinada e que não se abate. Criou Dedé sozinha e, mesmo com todas as dificuldades da vida, ela tem uma alegria que é dela e ninguém tira”. Já Haonê comenta sobre Pam: “Ela é sensata e divertida ao mesmo tempo, está sempre ajudando as amigas sobre o que fazer ou não fazer. Pam é vaidosa, gosta de estar sempre bonita e é muito fiel às suas amigas”.
O sonho de Marlon: entre o ringue e a farda
Marlon (Humberto Morais) é um jovem determinado e idealista, conhecido por sua responsabilidade e firmeza em seus princípios. Desde cedo, ele sonha em se tornar policial militar, acreditando que pode contribuir para um mundo melhor. Além de seu desejo de servir e proteger, Marlon é um exímio lutador de kickboxing, treinado pelo mestre Alan (Hugo Resende), que também é policial. O jovem se dedica ao esporte com paixão, vendo nisso uma forma de disciplina e superação. Sua vida é marcada pela busca constante por justiça e pela vontade de fazer a diferença na comunidade de São Cristóvão.
No passado, Marlon estava feliz ao lado de Leona (Clara Moneke), sua então noiva. Eles planejavam se casar e esperavam ansiosos pela chegada da primeira filha. A perda de Sophya foi um golpe duro para ambos e mudou completamente os rumos de suas vidas. Leo, devastada pela dor, acabou desistindo do casamento, deixando Marlon sozinho no altar. Apesar de ter seguido em frente, o lutador nunca guardou mágoa da ex, compreendendo o sofrimento que ela enfrentou. A relação entre os dois, embora marcada por tristeza, ainda carrega um respeito mútuo e uma compreensão profunda pelo passado que viveram juntos.
Atualmente, Marlon namora Bárbara (Giovana Cordeiro), que também é lutadora de kickboxing. Eles se conheceram nos ringues. Bárbara é dedicada e ambiciosa, e compartilha com Marlon a paixão pelo esporte. Juntos, eles treinam na academia do mestre Alan, onde Bárbara se destaca por sua habilidade e determinação. A oportunidade de lutar no Exterior surge como um sonho para ambos, mas Marlon se vê dividido entre seguir seu desejo de ser policial e aproveitar a chance de treinar em Miami, nos Estados Unidos, ao lado da namorada. A decisão não será fácil para ele, que é apegado à sua família e ao local onde vive.
“Marlon é obstinado, sonhador, corajoso, justo, imprudente e um pouquinho arrogante, mas só pelos motivos que ele acredita serem os certos. Com Bárbara, forma aquele tipo de casal que compartilha vários gostos em comum. O amor pelo esporte une os dois. Ela sonha em lutar no Exterior, quer mostrar para o mundo todo o talento dos dois nos ringues, mas Marlon é 100% leal à sua família, amigos e ao lugar de onde ele veio, o que gera alguns conflitos entre eles. E tomar a decisão do futuro da relação vai ser tão desafiador quanto uma luta no ringue para ele”, conta Humberto.
Três amigos, três destinos: Marlon, Ryan e Danilo
Marlon (Humberto Morais), Danilo (Felipe Simas) e Ryan (L7NNON) cresceram juntos em São Cristóvão. Marlon mora com a mãe, Jussara (Vilma Melo), o pai, Luisão (Adélio Lima), e a irmã, Dara (Cecília Chancez) – são os vizinhos da frente de Leo (Clara Moneke). Luisão e Jussara são de origem humilde e se orgulham de terem conseguido criar os filhos de forma honesta.
Vindo de uma família desestruturada, Ryan tem o histórico completamente oposto ao do amigo. O jovem era uma das estrelas da Batalha da Criação, a batalha de rimas do bairro de São Cristóvão, mas se envolveu com o crime e viu seu futuro brilhante ir pelo ralo numa batida policial. Agora, para sair da cadeia, ele conta apenas com Lucas (Pedro Henrique Ferreira), seu irmão, já que ele e Danilo se afastaram desde que tudo aconteceu.
Danilo mora com o pai, Seu Manuel (Ernani Moraes), e o irmão mais novo, Peter (Pedro Fernandes). Frustrado com os planos profissionais que traçou para si, trabalha como motorista de aplicativo. A mãe abandonou a família quando eles eram pequenos, deixando Seu Manuel para cuidar dos filhos sozinho. Ele é dono de uma padaria no bairro, onde trabalham Dara, no caixa, Jeff (Faíska Alves), no delivery, e Peter, no atendimento aos clientes. Bem-humorado e sarcástico, o caçula de Seu Manuel nasceu com paralisia cerebral e se diverte ao inventar histórias mirabolantes para a freguesia quando é confrontado com perguntas descabidas sobre a sua vida.
São Cristóvão: o coração vibrante da Zona Norte
O bairro de São Cristóvão é um microcosmo da diversidade e cultura do Brasil. Ruas coloridas e vibrantes, com casas antigas e cheias de história, formam um cenário onde pessoas de diferentes origens se entrelaçam. A região boêmia na Zona Norte do Rio de Janeiro tem uma atmosfera acolhedora. A Feira de São Cristóvão, famosa entre os cariocas e visitantes da cidade, é onde a música, a dança e a gastronomia nordestina são celebradas. O clima é alegre e movimentado, com moradores que se conhecem e se ajudam, criando um verdadeiro senso de comunidade.
Além de gravações externas realizadas na região, foram reproduzidos cenários do local nos Estúdios Globo, especialmente a arquitetura das casas dos moradores. Buscando representar o bairro da forma mais fiel possível em ‘Dona de Mim’, a equipe de cenografia, liderada por Anne Bourgeois, fez visitas à região para captar sua essência. “A cenografia da novela foi inspirada em visitas ao bairro. Optamos por um caminho naturalista, mantendo a arquitetura neoclássica e os sobrados característicos. A cidade cenográfica foi construída com elementos reais, como pastilhas, azulejos e cerâmicas, replicando a estética de lá”, conta a cenógrafa.
A produção de arte, coordenada por Guga Feijó, também buscou referências locais, utilizando paletas de cores mais vivas e elementos que refletem o dia a dia dos moradores. “Fizemos uma pesquisa extensa em São Cristóvão para entender a história do bairro. Queríamos que tudo ficasse dentro da realidade. Observamos os detalhes, desde as paletas de cores até os objetos para compor os cenários. Cada escolha foi feita para refletir a verdadeira essência de São Cristóvão e criar um ambiente autêntico para os personagens”, destaca Guga.
A caracterização, comandada por Dayse Teixeira, complementa a construção do bairro, trazendo à vida os moradores de São Cristóvão com autenticidade. “Para criar a caracterização dos personagens desse núcleo, mergulhei na minha própria experiência de vida na Zona Norte e em São Cristóvão. Entender como as pessoas se vestem, se maquiam e se expressam foi fundamental. Observei de perto as tendências e estilos atuais. Isso nos permitiu criar personagens autênticos, com unhas de gel, cabelos coloridos e maquiagem vibrante, refletindo a verdadeira essência da comunidade local”, conta Dayse.
O figurino, sob a direção de Julia Ayres, também segue uma paleta de cores mais vivas e estampas, destacando o estilo boêmio e despojado dos moradores. “Para São Cristóvão, buscamos um estilo mais despojado e vibrante, com cores fortes e estampas”, explica a figurinista.
Mansão Boaz: um império luxuoso que já viu dias melhores
A mansão da família Boaz é o símbolo de um passado de riqueza e sofisticação, agora marcado por uma fase de decadência e desafios financeiros. Este núcleo de ‘Dona de Mim’ é retratado com uma atenção meticulosa aos detalhes, refletindo a trajetória de uma família que já teve tudo e agora luta para manter dignidade ao seu legado.
Anne Bourgeois, cenógrafa responsável, conta que buscou inspiração em visitas a locais históricos e observação de elementos arquitetônicos e de design de interiores. “A cenografia da família Boaz foi inspirada em uma pesquisa detalhada de casas antigas e requintadas. Queríamos criar um ambiente que refletisse um dinheiro antigo, com menos cor, para mostrar a trajetória de uma família que já teve muito e agora enfrenta dificuldades”, explica.
A produção de arte também mergulhou em uma pesquisa extensa para captar a essência da trama. “Visitamos uma casa no Alto da Boa Vista, que pertence à Família Real, para buscar referências. A ideia era mostrar uma casa que, quando o dinheiro existia, foi montada com muito requinte e peças clássicas. Usamos objetos vintage para criar um ambiente que ajudasse a contar a história da família Boaz,” comenta Guga.
Já a responsável pela caracterização, Dayse Teixeira, conta que se baseou nos estilos de vida e aparência de pessoas com um histórico de riqueza e sofisticação: “Optamos por um visual mais sóbrio e elegante, com cabelos e maquiagens que refletissem a sofisticação que ainda habita na família”, revela.
Dessa vez, Julia Ayres conta que iniciou sua pesquisa com uma análise detalhada da moda e estilo de famílias tradicionais. “Queríamos desconstruir a imagem do terno clássico e criar algo mais informal e despojado, inspirado em um estilo italiano. Usamos cores mais sóbrias e pouca estampa para refletir a elegância e a sofisticação da família”, explica a figurinista.
Entrevista com a autora Rosane Svartman
Rosane Svartman é autora, diretora e produtora. Formada em cinema pela UFF (1991), fez mestrado em Comunicação, Estética e Tecnologia pela UFRJ (2008) e doutorado em Comunicação – Cinema na UFF (2019). Como autora, assinou novelas como ‘Malhação – Intensa como a Vida’ e ‘Malhação – Sonhos’, ambas indicadas ao Emmy Internacional digital e ao Emmy Kids Awards, respectivamente; ‘Totalmente Demais’ – também indicada ao Emmy Internacional como Melhor Telenovela, ‘Bom Sucesso’ – indicada ao prêmio europeu Rose D´Or -, as três últimas escritas com o autor Paulo Halm, e ‘Vai na Fé’. Na TV Globo, escreveu ainda as séries ‘Dicas de um Sedutor’ e ‘Guerra e Paz’, esta última como colaboradora de Carlos Lombardi. Dirigiu os humorísticos ‘Casseta & Planeta, Urgente!’ e ‘Garotas do Programa’. No cinema, dirigiu as comédias ‘Como Ser Solteiro’ (1997); ‘Mais Uma Vez Amor’ (2005) e ‘Desenrola’ (2010). Estreou no universo infantil na direção do filme ‘Tainá – A Origem’ (2012), ‘Pluft, o Fantasminha’ (2022) e ‘Câncer com Ascendente em Virgem’ (2025). Escreveu as obras literárias: ‘Onde os Porquês têm Resposta’ (2003), ‘Quando Éramos Virgens’ (2006), ‘Melhores Amigas’ (2006), Desenrola’ (2011) e ‘Telenovelas and Transformation: Saving Brazil´s Television Industry’ (2021). E as peças teatrais: ‘Mais uma Vez Amor’ (2004), ‘O Pacto das 3 Senhoras’ (2011) e ‘Anjos Urbanos’ (2012). Rosane também dirigiu com Lírio Ferreira a adaptação para o teatro de ‘Eu Te Amo’, de Arnaldo Jabor, e é autora de ‘Musa Música’, a primeira série musical produzida pelos Estúdios Globo para o Globoplay e Gloob.
O que a inspirou para criar a história de ‘Dona de Mim’?
Rosane Svartman –Acredito que a criação está ligada ao instinto. O desafio é ter a sensibilidade de intuir o espírito do momento, os assuntos de interesse, as trajetórias e os personagens que a sociedade deseja acompanhar. E, assim, contamos histórias. Leona é uma personagem que entra em um buraco e sai gigante. Como ela fará isso é a sua trajetória na novela. O título está relacionado a esse esforço de tentar tomar as rédeas de sua vida em uma sociedade acelerada e repleta de violências.
Qual são os temas centrais de ‘Dona de Mim’?
Rosane Svartman –Através da Leona (Clara Moneke), a história fala sobre a maternidade de forma prismática, abordando diferentes possibilidades do que é ser mãe, inclusive a escolha de não ser, e o seu impacto direto na vida das mulheres da trama. A Leo é uma mulher que passou pelo trauma de ter uma gravidez tardia interrompida. Ela já tinha comprado roupinha, feito chá de fralda, já se sentia mãe. E, quando ela perde essa criança, abre mão de tudo. Do casamento, da faculdade, ela realmente não consegue seguir adiante. Mas isso é a história pregressa da Leo. Quando a trama começa, ela é uma mulher batalhadora e alto-astral que tenta esconder sua dor, mas nem sempre consegue. Ela quer não só ajudar a família dela, mas também superar esse trauma. Ela não sabe, mas a felicidade sempre encontra um caminho, e conhecer Sofia é o começo de uma grande transformação. Além desse conflito em relação à maternidade da Leo (Clara Moneke), a gente tem os encontros e desencontros amorosos, claro. A gente tem conflitos da sociedade, também, e pela sucessão da fábrica de lingeries Boaz, que se torna uma grande briga por poder em família.
Como você acha que esses temas vão se conectar com o público?
Rosane Svartman –Eu acho que o desafio de qualquer pessoa que cria, que faz novela, é justamente trazer temas que o público vai curtir e comentar depois que o capítulo terminar. Eu acredito que o poder está sempre no espectador. É ele que vai pegar qualquer cena que eu colocar numa novela e fazer uma leitura de acordo com a sua própria trajetória, com a sua própria experiência de vida. Além das diversas formas de maternidade, vamos falar de segurança pública, envelhecimento, saúde mental, esporte e outros temas que provocam conversa, mostrando pontos de vista e reflexões. Tudo isso sem deixar de lado o entretenimento e o objetivo de contar uma boa história.
Pode falar mais sobre a relação especial entre a Leo (Clara Moneke) e a Sofia (Elis Cabral)?
Rosane Svartman –Por um lado, a Sofia vive em uma “ilha”, em vários sentidos. Ela mora numa casa dentro de um condomínio, cercada por adultos. Por causa disso, no começo da novela, para chamar atenção, ela faz muita bagunça e traquinagem, principalmente com as babás. Os adultos estão muito ocupados, ninguém tem realmente tempo para ela. E, por outro lado, a Leo é essa mulher que já quis muito ser mãe, que teve um trauma enorme e tem medo de voltar a engravidar. Com a Sofia, ela começa uma relação de afeto que, aos poucos, vai ajudá-la a superar esse trauma.
E o que você destaca na relação entre a Sofia (Elis Cabral) e o Abel (Tony Ramos), que não é o pai biológico dela?
Rosane Svartman –O Abel promete para Ellen (Camila Pitanga) que vai ser o melhor pai que ele consegue ser para a Sofia. E ele é. O problema é que ele não tem tempo para essa menina, mas ele a ama, se considera o pai dela e quer o seu bem. Mas é claro, o pai biológico vai aparecer em algum momento. Então, isso vai se tornar um desafio para Abel.
Quais são os principais desafios que Abel (Tony Ramos) e Filipa (Cláudia Abreu) enfrentam como casal na trama?
Rosane Svartman –O Abel cursava Letras, pertencia a um grupo de poesia na faculdade, mas precisou abandonar tudo para cuidar do chão de fábrica na Boaz. Ele tem saudades dessa época. Conheceu a Filipa num sarau, e, em seis meses, já estavam com o casamento marcado. No dia da cerimônia, Ellen (Camila Pitanga) chega com Sofia no colo, à beira da morte. Abel assumiu a criança e nunca contou para Filipa que não era o pai biológico de Sofia. Já Filipa teve de aceitar de uma hora para outra ser madrasta de uma bebê de colo. Isso mudou completamente a relação deles. A Filipa tem uma filha que foi morar em Portugal com a avó, e ela acaba se frustrando novamente por não conseguir ser mãe, cuidar de Sofia. O Abel, neste casamento, sente muita falta dos olhos brilhando, da felicidade da mulher com quem ele se casou, e ele não sabe o que fazer para trazer isso de volta.
Sobre a amizade entre Leo (Clara Moneke), Kami (Giovanna Lancellotti) e Pam (Haonê Thinar), que é um ponto central da novela: como descreveria cada uma?
Rosane Svartman –Kami é uma periguete vencida, de bom coração; Leo é a enrolada que tenta ajudar todo mundo; e a Pam, a amiga gentil, mas que não leva desaforo para casa. É muito legal poder falar de amizade feminina. São mulheres jovens, amigas de colégio, uma relação de longa data. O que traz muita intimidade, mas, ao mesmo tempo, também faz com que seja mais fácil se machucarem.
Em resumo, o que o público pode esperar de ‘Dona de Mim’?
Rosane Svartman –O que o público pode esperar de uma novela: entretenimento, diversão, romance, informação, temas relevantes, identificação, um pouco de escapismo, talvez. A gente gosta de assistir a uma história e se imaginar em outro lugar. E digo a gente porque sou noveleira e, para mim, ‘Dona de Mim’ traz os ingredientes que eu também gosto em uma novela.
Entrevista com o diretor artístico Allan Fiterman
Nascido em São Paulo (SP), Allan Fiterman começou sua carreira em Los Angeles, nos EUA, trabalhando em vários setores da indústria cinematográfica. Trabalhou em curtas-metragens como fotógrafo, até dirigir seu primeiro longa ‘Living the Dream’ (2006), filmado no exterior e estrelado por Sean Young e Danny Trejo. De volta ao Brasil, fez ‘Embarque Imediato’ (2009), com Marília Pêra e Jonathan Haagensen, e se destacou pela direção de ‘Berenice Procura’ (2017). Na Globo, atuou como diretor no filme ‘Ritmo de Natal’ (2023), no especial ‘Natal do Menino Imperador’ (2008), no remake de ‘O Astro’ (2011), nas novelas ‘Ciranda de Pedra’ (2008), ‘Tudo Novo de Novo’ (2009), ‘Cheias de Charme’ (2012), ‘Geração Brasil’ (2014), ‘Verdades Secretas’ (2015), produção consagrada com o Emmy Internacional de Melhor Novela, ‘A Força do Querer’ (2017), e no seriado ‘Louco por Elas’ (2012); e como diretor geral da série Mister Brau (2015) e da novela ‘Sétimo Guardião’ (2018). ‘Dona de Mim’ é a quarta obra de Allan Fiterman como diretor artístico, a primeira em parceria com Rosane Svartman. Suas outras novelas foram ‘No Rancho Fundo’ (2024), ‘Mar do Sertão’ (2022) e ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’ (2021).
Nas suas palavras, qual é a história que ‘Dona de Mim’ quer contar para o público?
Allan Fiterman – A novela tem vários universos, mas a história é sobre o encontro dessa mulher que perdeu um bebê com essa criança que vive solitária numa casa cercada de adultos, e a transformação da relação das duas. Há muitas histórias paralelas interessantes, os universos de kickboxing, forró, batalhas de rima, mas acho que a grande trama é a relação da Leo (Clara Moneke) com a Sofia (Elis Cabral).
Como você espera que o público se conecte com a novela?
Allan Fiterman – Eu acho que toda novela tem alguns ingredientes básicos, independentemente do horário de exibição, que as pessoas esperam assistir: romance, leveza, emoção, aprendizados. Acredito que esse universo que a Rosane construiu traz tudo isso através de uma nova perspectiva de maternidade, na relação de uma babá com uma criança.
Conte como foi a sua colaboração com a Rosane durante o desenvolvimento da novela?
Allan Fiterman – Trocamos muito ao longo de todo o processo, de forma ainda mais intensa na pré-produção, que foi quando mostrei para ela tudo o que pensamos para o figurino, pranchas com referências, caracterização, cenário. Também perguntei muito a ela sobre os personagens e tentei entender o que esperava da história. A Rosane colabora diretamente não só comigo, mas com todo o time de produção. É uma troca essencial para termos todos os detalhes alinhados e podermos contar a história da melhor forma.
Quais são as suas expectativas para a estreia de ‘Dona de Mim’? Que mensagem você espera que o público leve dessa novela?
Allan Fiterman – A expectativa é de que a novela agrade ao público, e as pessoas se identifiquem. Vamos trazer questões importantes e relevantes de uma forma leve, como entretenimento para as pessoas. A grande mensagem dessa novela é o amor, as relações de todo tipo onde o amor prevalece.
O que mais te atraiu para assumir a direção de ‘Dona de Mim’?
Allan Fiterman – Eu estava terminando de gravar ‘No Rancho Fundo’, quando fui procurado pela direção da dramaturgia dos Estúdios Globo para falar que a Rosane tinha me sugerido para dirigir ‘Dona de Mim’. Na hora, eu nem pensei que estaria emendando numa terceira novela em sequência. Não podia desperdiçar a chance de trabalhar com a Rosane. O texto é muito bom, ela realmente acerta no horário, sabe lidar com esse público. Fiquei muito empolgado.
Perfil dos personagens
Núcleo São Cristóvão
LEONA/ LEO (Clara Moneke): Determinada e divertida, Leona, ou apenas Leo, é uma jovem que está sempre atrás de trabalho, fazendo rifas ou arranjando bicos para ajudar a família. Atrapalhada e de bom coração, ela faz o que for preciso para conseguir pagar as contas da casa em que mora com a avó, Yara (Cyda Moreno), e a irmã, Stephany (Nikolly Fernandes), em São Cristóvão. Chegou a iniciar a faculdade de Comunicação e Marketing, ia se casar com Marlon (Humberto Morais) e estava no terceiro trimestre de gravidez quando teve uma perda gestacional, e isso gerou um trauma grande em sua vida que a fez abandonar a bolsa de estudos e o relacionamento. Determinada a fazer com que Stephany não desista do curso de Enfermagem por conta do aperto financeiro da família, ela se passa pela irmã para conseguir o emprego de babá da pequena Sofia (Elis Cabral), uma menina que ficou órfã de mãe e vive na mansão da família Boaz, dona de uma tradicional fábrica de lingerie, chefiada pelo empresário Abel (Tony Ramos). Na relação que constrói com Sofia, Leona redescobre o amor e passa a vislumbrar novos caminhos em sua trajetória.
MARLON (Humberto Morais) – Idealista, Marlon sonha em se tornar policial militar por acreditar que pode contribuir para um mundo melhor. No passado, era apaixonado por Leona (Clara Moneke). Ela estava grávida, e os dois iam se casar, mas a perda da gestação fez com que o casal seguisse caminhos diferentes – apesar de continuarem sendo vizinhos. É firme em seus princípios éticos e morais, e chega a ser um pouco inflexível e até intransigente, o que gera alguns atritos em suas relações pessoais. Exímio lutador, ele também dá aulas de kickboxing no projeto social do mestre Alan (Hugo Resende). Marlon é filho de Jussara (Vilma Melo) e Luisão (Adelio Lima), irmão de Dara (Cecilia Chancez) e atualmente namora Bárbara (Giovana Cordeiro), que também é sua parceira nos ringues.
STEPHANY (Nikolly Fernandes) – Estudante que cresceu à sombra de sua irmã Leona (Clara Moneke), sempre incrível e exuberante aos seus olhos. Há sete anos, quando Leo sofreu uma perda gestacional, viu a vida da irmã virar de cabeça para baixo. Ela cursa faculdade de Enfermagem, mas pensa em desistir para conseguir ajudar nas contas de casa. É neta de Yara (Cyda Moreno).
YARA (Cyda Moreno) – Avó de Leona (Clara Moneke) e Stephany (Nikolly Fernandes), criou as meninas como pôde depois de os pais delas morrerem. Costureira aposentada da fábrica Boaz, mal consegue pagar as contas com o que ganha. Improvisa uma creche na sala de casa, atendendo às mulheres do bairro que não têm com quem deixar seus filhos para trabalhar. Seu coração fica apertado ao ver a neta Leo, tão jovem, sentir que sua vida não tem mais saída. Yara é o porto seguro das netas. Super ativa e boêmia, ela adora sair para curtir a Feira de São Cristóvão.
KAMILA/ KAMI (Giovanna Lancellotti) – Inconsequente, e inimiga do fim, tem uma alegria contagiante. Mãe solo do pequeno Dedé (Lorenzo Reis), de sete anos, Kami faz o que estiver ao seu alcance para que o filho tenha a melhor vida possível. Precisou passar pela maternidade sozinha quando Ryan (L7NNON), seu namorado na época, foi preso. Hoje, ela diz que quer distância dele, mesmo sentindo saudades, pois acha que Ryan mentiu para ela dizendo que ia deixar o crime logo antes de ser preso. Na correria do dia a dia, tenta equilibrar os cuidados com o filho, a vida amorosa e o emprego na fábrica de lingerie Boaz, mas acaba se cobrando muito como mãe, profissional e mulher. Quando se junta com as amigas Leo (Clara Moneke) e Pam (Haone Thinar), elas formam um trio e tanto e adoram sair para curtir o forró da Feira de São Cristóvão.
RYAN (L7NNON) – Foi uma estrela do rap na Batalha de Criação e um dia acreditou que a arte poderia ser uma saída para sua trajetória, mas entrou para o crime e acabou sendo preso justamente quando ia tentar outros rumos, já com emprego garantido em uma padaria do bairro. A tentativa de colocar a vida nos eixos foi motivada pela descoberta da gravidez de Kami (Giovanna Lancelotti), por quem é completamente apaixonado. Nunca conheceu o filho pessoalmente. Hoje, seu foco é sair da cadeia, conhecer Dedé (Lorenzo Reis), tentar reconquistar Kami e reconstruir sua vida.
DEDÉ (Lorenzo Reis) – Esperto e curioso para conhecer o pai, é o filho de Kami (Giovanna Lancellotti) com Ryan (L7NNON). Depois que é salvo de um quase atropelamento por Marlon (Humberto Morais), passa a vê-lo como herói.
PAMELA/ PAM (Haonê Thinar) – Alegre e batalhadora, Pam teve que amputar a perna ainda criança por causa de um tumor no fêmur. Saiu de São Paulo para tentar a vida no Rio de Janeiro e, hoje, divide a casa com a amiga Kami (Giovanna Lancellotti) e o menino Dedé (Lorenzo Reis), em São Cristóvão. Além de morarem juntas, as duas também trabalham lado a lado na fábrica de lingerie Boaz e, quando se juntam a Leo (Clara Moneke), formam o trio de melhores amigas mais animadas da Feira de São Cristóvão. Tem uma relação complicada com Danilo (Felipe Simas), seu quase namorado da adolescência. Isso porque o jovem, apesar de aparentar gostar dela, nunca quis assumi-la publicamente como namorada. Leo e Kami tentam alertá-la sobre o quanto Danilo é tóxico, mas Pam não percebe.
DARA (Cecília Chancez) – Irmã de Marlon (Humberto Morais) e filha de Jussara (Vilma Melo) e Luisão (Adélio Lima), é uma jovem engajada e que vive pensando em rimas. Seu sonho é ter uma carreira como artista de trap em um universo dominado principalmente por homens. Enquanto isso não acontece, trabalha em uma padaria.
JUSSARA (Vilma Melo) – Mãe de Marlon (Humberto Morais) e Dara (Cecilia Chancez), casada com Luisão (Adélio Lima) e vizinha de Yara (Cyda Moreno), com quem vive entre fofocas e tretas. Mãe-coruja, ela guarda rancores por ter visto o filho sofrer após o término com Leona (Clara Moneke).
LUISÃO (Adélio Lima) – Marido de Jussara (Vilma Melo) e pai de Marlon (Humberto Morais) e Dara (Cecilia Chancez). Trabalha como segurança na fábrica Boaz e é músico nas horas vagas. É apaixonado por Jussara e um paizão, sempre ao lado dos filhos.
DANILO (Felipe Simas) – Filho de Seu Manuel (Ernani Moraes) e irmão de Peter (Pedro Fernandes). Teve um relacionamento conturbado com Pam (Haonê Thinar) no passado. Ele argumenta que nunca a assumiu como namorada porque acha que não tem nada para oferecer a ela. Danilo fez faculdade de Administração, mas nunca conseguiu uma vaga no mercado. Ele guarda um grande ressentimento pela falta de oportunidade profissional, mesmo tendo cursado ensino superior. Em vez de trabalhar na padaria da família, prefere ser motorista de aplicativo e se considera um empreendedor. Danilo começa a atender as corridas de Filipa (Cláudia Abreu) e logo passa a trabalhar para ela, na casa dos Boaz. É amigo de infância de Marlon (Humberto Morais) e Ryan (L7NNON).
PETER (Pedro Fernandes) – Divertido, bem-humorado, gosta de inventar histórias sobre sua mãe, que foi embora quando ele ainda era criança. Encara com leveza sua paralisia cerebral e trabalha com o pai, Seu Manuel (Ernani Moraes), na padaria e é irmão de Danilo (Felipe Simas).
SEU MANUEL (Ernani Moraes) – Simpático dono de uma padaria, o pai de Danilo (Felipe Simas) e Peter (Pedro Fernandes) é superprotetor. Foi casado com uma mulher mais nova do que ele, a mãe dos seus dois filhos, mas ela abandonou a família, fato pelo qual ele se culpa até hoje.
CACO (Pedro Alves) – Estudou Marketing com Leona (Clara Moneke) no passado. Boêmio, sensível e nada confiável, é extremamente divertido e está sempre pronto para curtir uma balada, mas também sabe arrumar confusão.
Núcleo Kickboxing
ALAN (Hugo Resende) – Mentor e grande inspiração de Marlon (Humberto Morais), é policial e tem um projeto social de kickboxing em São Cristóvão. Apesar de ter bom coração, tem ideias maniqueístas sobre a vida, o que nem sempre o tornam bom conselheiro.
BARBARA (Giovana Cordeiro) – Namorada de Marlon (Humberto Morais), é uma lutadora de kickboxing muito dedicada e a maior apoiadora do namorado no esporte. Quando surge uma chance para os dois treinarem juntos em Miami, nos Estados Unidos, tenta convencer o amado a adiar o sonho de se tornar policial. Focada e ambiciosa, não vai desistir de seus planos.
JEFF (Faíska Alves) – Entregador de aplicativo, é um rapaz magnético e carismático. É também uma das estrelas do improviso na Batalha de Criação e treina com Marlon (Humberto Morais) na academia de Alan (Hugo Resende). Jeff acredita que seu pai morreu por causa da polícia e isso vai gerar atritos com Marlon e a irmã, Dara (Cecília Chancez).
LUCAS (Pedro Henrique Ferreira) – Lutador de kickboxing, é irmão de Ryan (L7nnon), seu único parente na vida. Apesar da tentação, procura não seguir os passos do irmão no crime.
IVY (Giovana Jesus) – Jovem corajosa e determinada, que não se deixa abalar pelas adversidades. Ela tem um jeito engraçado que a torna ainda mais encantadora. Treina kickboxing na academia do mestre Alan (Hugo Resende).
Núcleo Mansão Boaz
ABEL (Tony Ramos) – Atual presidente da fábrica de lingerie Boaz. Um homem que tem alma de poeta, mas ainda jovem precisou abandonar a paixão pelas artes para ajudar seu pai na empresa. Generoso, correto e disposto a fazer de tudo para corrigir erros do passado, quando escolhas equivocadas fizeram com que a família quase perdesse tudo. Teve três filhos durante o seu primeiro casamento: Samuel (Juan Paiva), Davi (Rafa Vitti) e Ayla (Bel Lima). Filho de Rosa (Suely Franco), atualmente vive uma batalha silenciosa pelo comando da fábrica com o irmão mais novo, Jaques (Marcello Novaes), que sempre acreditou ser mais qualificado para o cargo de direção. Casa-se com Filipa (Cláudia Abreu), que conheceu em um sarau de poesia lembrando dos velhos tempos e, devido a uma dívida de vida que tem com Ellen (Camila Pitanga), uma antiga funcionária da Boaz, registra a menina Sofia (Elis Cabral) como se fosse sua filha.
FILIPA (Claudia Abreu) – Sensível e emocionalmente instável, tenta encontrar o seu lugar como mulher e mãe em meio a lembranças de um passado livre como artista. Quando era jovem, sua inconstância era vista como algo charmoso e sedutor. Ela se apaixonou por Abel (Tony Ramos) num rompante, e foi tudo muito rápido: o namoro, o casamento e a decepção. Filipa se sente muito sozinha mesmo cercada de gente, como em uma gaiola de ouro. Apesar do talento, sua carreira nunca decolou, em parte por questões de saúde, em parte pelo funil do mercado artístico e da escassez de trabalho para mulheres acima dos 40 anos. Quando Sofia (Elis Cabral) chegou à casa da família, tentou se aproximar da menina e corrigir os erros que teve com a sua própria filha, Nina (Flora Camolese), mas se viu frustrada diante da maternidade mais uma vez. É filha de Isabela (Sylvia Bandeira).
NINA (Flora Camolese) – Reativa e irônica desde pequena, é filha do primeiro casamento de Filipa (Cláudia Abreu). Foi uma criança carente, e, depois, uma adolescente rebelde. Mora com a avó, Isabela (Sylvia Bandeira), em Portugal.
ISABELA (Sylvia Bandeira) – Mãe de Filipa (Cláudia Abreu). Mora em Portugal e recebe Nina (Flora Camolese) para viver em sua casa em Lisboa. É uma mulher prática, irônica e interesseira.
SOFIA (Elis Cabral) – Filha de Ellen (Camila Pitanga) e registrada por Abel (Tony Ramos), a pequena Sofia deixa todo mundo na mansão Boaz de cabelo em pé. Brincalhona e arteira, a menina adora aprontar com todas com as babás que a família tenta contratar. Tanta traquinagem não passa de uma forma de chamar atenção: ela se sente sozinha, criada em uma casa cercada de adultos. Mas tudo muda quando conhece Leona (Clara Moneke), sua nova babá.
SAMUEL (Juan Paiva) – Apesar de ser filho adotivo, é o mais parecido com o pai, Abel (Tony Ramos). Ele é responsável e só dá um próximo passo com a certeza de que é seguro. Em sua vida na mansão, nas escolas de elite e na universidade de excelência – em que a maioria esmagadora das pessoas era branca – Samuel muitas vezes se sentiu deslocado, mas sem conseguir elaborar o motivo da sua solidão. É irmão de Davi (Rafa Vitti), Ayla (Bel Lima) e Sofia (Elis Cabral). Fica interessado pelo jeito leve e brincalhão de Leona (Clara Moneke) quando ela começa a trabalhar na casa, mas toma cuidado para não deixar transparecer. Afinal, ela é uma funcionária da família.
DAVI (Rafa Vitti) – Indolente, hedonista e sedutor, sempre teve tudo que desejou. É do tipo carismático, magnético e fácil de lidar, e, por isso, consegue a simpatia alheia e desperta paixões sem muito esforço. Debaixo de seu jeito solar e do sorriso encantador, existe um egoísmo exacerbado, e ele não consegue enxergar as dores do outro. Inteligente, mas preguiçoso, divertido, mas vaidoso, trabalha na equipe de marketing da Boaz. É filho de Abel (Tony Ramos) e irmão de Samuel (Juan Paiva), Ayla (Bel Lima) e Sofia (Elis Cabral). Quando conhece Leona (Clara Moneke), não perde tempo e começa investir na jovem, mas, no fundo, tudo o que ele quer é viver e curtir o momento.
AYLA (Bel Lima) – Inteligente e um pouco ingênua, é uma moça de boas intenções. Trabalha na Boaz, assim como os irmãos Samuel (Juan Paiva) e Davi (Rafa Vitti), coordenando o setor de vendas da empresa. Ela tenta não se envolver nas brigas da família, mas acaba “passando pano” para as besteiras que Davi faz, tanto na fábrica quanto na sua vida pessoal. Mora com a namorada Gisele (Luana Tanaka).
GISELE (Luana Tanaka) – Namorada de Ayla (Bel Lima), é tradutora e trabalha de casa traduzindo textos do inglês para o português. Apesar do amor entre as duas, elas têm discordâncias e diferentes perspectivas de vida, o que causa ruídos no relacionamento.
ROSA (Suely Franco) – Matriarca da família, é uma mulher que fala o que pensa, muitas vezes de forma dura, e sente que não deve nada a ninguém. Abel (Tony Ramos) sempre foi seu filho predileto. Tem uma relação conturbada com Jaques (Marcello Novaes). Rosa não foi uma mãe amorosa, ficava muito tempo fora de casa, trabalhando lado a lado com o marido. Agora, observa os negócios de longe e tenta apaziguar a briga dos filhos pela presidência da fábrica. Apesar da idade, percebe que ultimamente começou a esquecer as conversas e tarefas do dia a dia, mas, com vergonha, tenta esconder da família.
JAQUES (Marcello Novaes) – Amargurado, ambicioso e orgulhoso, se sente injustiçado por não ter sido o escolhido pelo pai para assumir a presidência da fábrica. Afinal, apesar de ser o caçula, é ele quem se formou em Economia em uma universidade de elite. Ele também largou o que mais amava, a guitarra e um bar falido, por pressão da família. Seu maior objetivo é tomar do irmão, Abel (Tony Ramos), aquilo que acredita ser seu. Nessa busca por poder e dinheiro, está disposto a trilhar caminhos controversos e, para isso, conta com a ajuda de Ricardo (Marcos Pasquim), seu advogado de caráter duvidoso. É filho de Rosa (Suely Franco) e casado com Tânia (Aline Borges). Até hoje, gosta de tocar sua guitarra quando precisa desestressar – ou quer irritar a todos.
TÂNIA (Aline Borges) – Casada com Jaques (Marcello Novaes). Eles se conheceram na época em que ele ainda era roqueiro e tinha um bar falido. Ela era estudante de Ciências Sociais, mas já estava frustrada com suas perspectivas. Deram-se as mãos e construíram uma vida juntos. É uma mulher forte e que controla seus ímpetos, mas sabe manipular e não mede esforços para conquistar aquilo que considera seu por direito. É cúmplice do marido nas artimanhas para tentar tomar o controle da Boaz.
DENISE (Cris Larin) – Governanta desconfiada e competente, que zela há anos pela família Boaz. Ajuda a cuidar de Sofia (Elis Cabral) e tenta encontrar uma babá que não desista do trabalho após as pegadinhas que a menina apronta.
RICARDO (Marcos Pasquim) – Advogado pouco ético e confidente de Jaques (Marcello Novaes), ajuda nas falcatruas no setor financeiro da fábrica, mas tem sua própria agenda que o patrão desconhece. Profissional de carreira na empresa Boaz, é leal a Jaques enquanto for do seu interesse. Nutre uma atração por Tânia (Aline Borges).
ELLEN (Camila Pitanga) – Mãe biológica de Sofia (Elis Cabral), trabalhava na contabilidade da empresa Boaz e salvou a vida de Abel (Tony Ramos) quando ele enfrentava um momento difícil e decisivo. Com o passar dos anos, se apaixonou pelo sujeito errado, pai de sua filha, o que a fez se demitir e sair da cidade com ele, acreditando na aventura de conhecer o mundo. Descobriu tarde demais o quanto foi ingênua. Optando por não contar para ele sobre a bebê, ela decide procurar Abel quando chega na fase terminal de um câncer que vinha tratando. Seu objetivo é um futuro melhor para a filha, que somente o empresário com quem fez amizade pode prover.
VANDERSON (Armando Babaioff) – Ex-marido de Ellen (Camila Pitanga), foi realmente apaixonado por ela, mas nunca deixou de ser mau-caráter. Ele a conquistou com presentes e a promessa de viajar o mundo, mas tudo não passava de uma ilusão. Acabou envolvendo a mulher em seus esquemas ilícitos. Ellen fugiu quando descobriu que estava grávida. E, quando descobre que ela morreu, começa a rondar a família Boaz. Sua obsessão e ganância o levam a manipular situações a seu favor, causando tensão e preocupação para todos ao seu redor.
Núcleo Fábrica Boaz
BRENO (Gabriel Sanches) – É quem de fato trabalha na área de marketing da Boaz enquanto Davi (Rafa Vitti) curte a vida ao melhor estilo bon-vivant.
NATARA (Carol Marra) – É a chefe do setor das costureiras na fábrica da Boaz e está sempre no pé de Kami (Giovanna Lancelotti) e Pam (Haonê Thinar).
Com informações da Comunicação Globo – Foto: Globo