A incapacidade de abordar as causas da má saúde da população coloca pressão sobre os serviços de saúde, por Mara Machado

Mara Machado

A incapacidade de tornar a saúde da população uma prioridade leva a pressões crescentes sobre o sistema de saúde.

A narrativa em torno da saúde centra-se na necessidade de aumentar a capacidade, o pessoal e o financiamento do sistema para permitir que os serviços de saúde respondam melhor ao aumento da procura. Embora o sistema de saúde brasileiro necessite de serviços de saúde com recursos adequados, eficientes e eficazes, as soluções para reduzir a pressão sobre os serviços de saúde exigem que os governos se concentrem em conter o fardo crescente dos problemas de saúde.

Apelamos aos governos para:

  • reconhecer que a boa saúde e o bem-estar da população, juntamente com o combate às alterações climáticas e à degradação ambiental são cruciais para um futuro sustentável;
  • promover maior igualdade na saúde e combater as desigualdades;
  • reconhecer que os sistemas de saúde que funcionam bem são importantes, mas os principais determinantes da saúde e do bem-estar estão fora dos cuidados de saúde;
  • priorizar a saúde e o bem-estar da população ao longo da vida nas decisões políticas;
  • incorporar métricas de saúde e bem-estar da população em medidas de progresso e desempenho nacional.

A saúde da população do Brasil está diminuindo e as desigualdades na saúde estão aumentando. Isto é muito mau para os indivíduos afetados, para os serviços de saúde que os tratam e para a produtividade e prosperidade futura da nação.

Também tem as implicações transgeracionais, uma vez que a má saúde dos pais tem consequências adversas para as crianças, alimentando ainda mais repercussões para o futuro bem-estar e prosperidade nacionais. Este ciclo vicioso é inevitável sem ação.

Não pode haver desculpa para a inação, uma vez que a ciência está

proporcionando uma compreensão profunda e crescente dos determinantes causais da saúde, o que poderia e deveria constituir a base de políticas eficazes para quebrar este ciclo destrutivo.

A piora da saúde da população aumenta as pressões de longa data que o sistema de saúde brasileiro vem enfrentando através do fracasso sustentado em resolver a escassez de mão de obra, infraestruturas em ruínas, perdas de moral e financiamento direcionado de forma equivocada. É, portanto, imperativo que a saúde da população seja um foco político primário para governo.

As soluções para reduzir a pressão sobre os serviços de saúde estão predominantemente fora da sua competência. Embora o Brasil precise de serviços de saúde com recursos adequados, eficientes e eficazes, também precisa de um foco sério e sustentado em conter – e não apenas em reagir – a crescente carga de problemas de saúde.

*Mara Machado é CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios.

Com informações da Assessoria – Foto: divulgação

Related Posts

Terceira idade: quando a vulnerabilidade se torna fazer poético, por Vicente Humberto

Terceira idade: quando a vulnerabilidade se torna fazer poético, por Vicente Humberto

A poesia é um elemento vivo — um componente essencial da arte de viver, independentemente da idade. Não existe essa coisa de “idoso” quando se fala de poesia. A poesia…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O STF e o Foro Privilegiado, por Ives Gandra

“O Supremo, eleito por um homem só, não poderia alargar, como fez agora, sua competência para estender o foro privilegiado, até exteriorizando uma visão política bem acentuada, a fim de…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O Derretimento do Governo Lula: Artigo de Ives Gandra

No presente artigo farei algumas considerações sobre a queda de popularidade do presidente Lula, que passou de 37% para 24%. Quero comentar a recente pesquisa da Quaest Pesquisa e Consultoria…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O aumento disparado nos preços dos alimentos e os equívocos do governo Lula, por Ives Gandra

Creio que o Presidente Lula, que foi um presidente pragmático em seus dois primeiros mandatos, talvez por influência de sua esposa, tornou-se um presidente ideológico de extrema esquerda, neste seu…

Leia Mais!
Ives Gandra

O STF de ontem e o de hoje, por Ives Gandra

Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Suprema Corte. À época,…

Leia Mais!
AMERICANA 7 1140x641 Ives 11

O Brasil para 2025, por Ives Gandra

Creio que o Presidente Lula, que foi um presidente pragmático em seus dois primeiros mandatos, talvez por influência de sua esposa, tornou-se um presidente ideológico de extrema esquerda, neste seu…

Leia Mais!