O futuro do câmbio: análise de Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Invest
A taxa Ptax encerrou hoje em 6,11/19, marcando um dos menores níveis das últimas semanas. Desde o fechamento de 31 de dezembro, houve uma queda acumulada de 1,18%, mas o cenário permanece dependente de eventos econômicos cruciais desta semana. Amanhã, a inflação na Europa será divulgada; na quarta-feira, teremos a ata do FOMC nos EUA; quinta-feira será feriado, e, na sexta, o payroll americano trará dados sobre o mercado de trabalho.
Esses indicadores serão decisivos para avaliar o posicionamento do Federal Reserve em relação aos juros, atualmente entre 4,25% e 4,50%. A expectativa é de mais duas reduções em 2025, reforçando uma política monetária expansiva nos EUA, focada no controle da inflação e no fortalecimento do emprego.
Enquanto isso, o Brasil segue uma rota distinta, com uma política monetária restritiva, reflexo de baixa credibilidade fiscal. Segundo Anilson Moretti, a reconstrução dessa confiança será crucial para atrair investimentos estrangeiros, reduzir o dólar e estabilizar a economia.
Cenário para o dólar e Selic
As projeções apontam para uma cotação de 6,08 ainda nesta semana, com possibilidade de recuo para 5,90 até o final de janeiro, caso o país recupere sua credibilidade fiscal. O relatório Focus, divulgado hoje, projeta o dólar a R$ 6,00 no final de 2025, mas ressalta desafios como:
- Dívida líquida alta em relação ao PIB
- Balança comercial e conta corrente desfavoráveis
- Fluxo de saída de mais de R$ 30 bilhões em 2024
Com a Selic projetada em 15% para o final de 2025, há margem para atrair capital estrangeiro, o que poderia aliviar a pressão sobre o câmbio.
Perspectiva
“Vamos acompanhar os desdobramentos desta semana e os impactos desses indicadores no dólar”, destaca Moretti. O mercado estará atento às decisões do Federal Reserve e às movimentações locais, em um contexto de incertezas e desafios. A próxima semana promete ser decisiva para os rumos da economia brasileira e internacional.
