A sua empresa se preocupa com a sua saúde mental na prática? Por Pedro Signorelli

Pedro Signorelli

O mês de setembro é marcado pelo debate em torno da saúde mental, tanto que ganhou a alcunha de ‘Setembro Amarelo’, justamente para fazer um alerta sobre a importância do tema, ajudando na prevenção ao suicídio. Embora tenha se tornado um assunto mais presente na mídia, a discussão parece só ter relevância durante este mês, sendo que deveria ser levado mais em consideração pelo restante do ano e sair das palavras e ações soltas que não endereçam de fato o tema, afinal, estamos falando da saúde de todos.

É comum que as pessoas queiram saber se você cuida da sua saúde mental, mas ninguém costuma perguntar se a organização se preocupa com a questão. E como fazer isso? O primeiro passo é a liderança da empresa começar a entender o quão importante é para ela que os seus colaboradores estejam mentalmente bem e estáveis, e aqui não estou só falando do lado profissional, mas também do pessoal.

Hoje em dia, um dos principais problemas dos ambientes corporativos é não conseguirem enxergar seus colaboradores como pessoas, vendo apenas como força de trabalho, como um número, sendo que ninguém é uma máquina sem sentimentos. Existem dias bons, dias ruins, pontos fortes e pontos fracos, como qualquer ser humano. E a empresa mais preparada é aquela que sabe disso e cria uma rede de apoio para o seu time.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Vittude, plataforma de terapia online, em parceria com a Opinion Box, cerca de 70% dos brasileiros afirmam que as empresas não sabem lidar com saúde mental e 72% escolheriam trabalhar em empresas que têm políticas de cuidado com a saúde mental dos empregados. Para essa amostra, foram entrevistados cerca de 2 mil pessoas em todas as regiões do Brasil.

Diante desses dados, fica claro que não dá mais para as organizações falarem uma coisa sendo que fazem outra completamente diferente, como postar nas redes sociais frases motivacionais de Setembro Amarelo, enquanto a gestão não se preocupa com o bem-estar dos seus colaboradores. Além de contraditório, fará com que essas pessoas se desmotivem cada vez mais com o trabalho, e o ambiente – ao invés de melhorar -, fica pior ainda.

Não estou dizendo que a liderança deve ser babá dos integrantes da equipe, mas é preciso entender quando existem problemas e promover o acolhimento, oferecendo ajuda, quando possível e viável. A partir do momento que o time sabe que pode contar com seus gestores, o cenário muda e cria-se uma relação de confiança, extremamente necessária para que as trocas entre líder e liderados sejam verdadeiras e transparentes.

É claro que existe a linha tênue para a gestão entre ser compreensiva demais e ingênua, e existem casos em que um ou outro colaborador pode querer se aproveitar dessa bondade, porém, não devemos generalizar. Uma empresa que tem como premissa de gestão criar um ambiente de trabalho acolhedor, que está disposta a ouvir e que se disponibiliza a ter atitudes para melhorar cada vez mais, está se preocupando com a saúde mental de seus funcionários.

Por fim, algo precisa ficar claro. Embora eu tenha falado da responsabilidade da empresa ao longo do texto, o primeiro responsável pela saúde mental é o próprio colaborador. E este colaborador precisa ser responsável o suficiente para não ficar criando desculpas e arrumando situações para afirmar que não tem segurança psicológica no trabalho ou que a empresa não cuida. Se estivéssemos falando de uma escola com crianças, tudo bem, mas estamos falando de empresas onde trabalham pessoas adultas, supostamente.

* Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.

Com informações da Assessoria – Foto: divulgação

Related Posts

Terceira idade: quando a vulnerabilidade se torna fazer poético, por Vicente Humberto

Terceira idade: quando a vulnerabilidade se torna fazer poético, por Vicente Humberto

A poesia é um elemento vivo — um componente essencial da arte de viver, independentemente da idade. Não existe essa coisa de “idoso” quando se fala de poesia. A poesia…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O STF e o Foro Privilegiado, por Ives Gandra

“O Supremo, eleito por um homem só, não poderia alargar, como fez agora, sua competência para estender o foro privilegiado, até exteriorizando uma visão política bem acentuada, a fim de…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O Derretimento do Governo Lula: Artigo de Ives Gandra

No presente artigo farei algumas considerações sobre a queda de popularidade do presidente Lula, que passou de 37% para 24%. Quero comentar a recente pesquisa da Quaest Pesquisa e Consultoria…

Leia Mais!
Ives Gandra da Silva Martins

O aumento disparado nos preços dos alimentos e os equívocos do governo Lula, por Ives Gandra

Creio que o Presidente Lula, que foi um presidente pragmático em seus dois primeiros mandatos, talvez por influência de sua esposa, tornou-se um presidente ideológico de extrema esquerda, neste seu…

Leia Mais!
Ives Gandra

O STF de ontem e o de hoje, por Ives Gandra

Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Suprema Corte. À época,…

Leia Mais!
AMERICANA 7 1140x641 Ives 11

O Brasil para 2025, por Ives Gandra

Creio que o Presidente Lula, que foi um presidente pragmático em seus dois primeiros mandatos, talvez por influência de sua esposa, tornou-se um presidente ideológico de extrema esquerda, neste seu…

Leia Mais!